17/10/1967 - O Sargento Adelson
Adriano Pires assassinou o vereador Antonio Benevides Carneiro, natural de
Caraúbas-RN, nascido a 10 de maio de 1910, filho de Cândido José Ramalho e de
Maria da Paz Benevides. O crime aconteceu no mercado público de Caraúbas. O
sargento sofreu um tiro desfechado por Antonio Benevides. O policial ao cair
ferido, se fez que estivesse morto, daí o agressor foi verificar se realmente o
sargento estava morto, daí sofreu um tiro certeiro desfechado pelo sargento
Adelson
Sargento Aderson em 1966 foi nomeado novo delegado de polícia de
Caraúbas, que ao chegar na cidade tornou-se o melhor amigo de Antonino
Benevides. Por sua vez Antonino, não fazia por menos e era Deus no céu e
Aderson na terra. Aderson, mulher e filhos estavam quase na casa de Antonino e
quando Antonino matava um bode ou um carneiro, uma parte era para o amigo
Aderson, além do leite do consumo da família, que todo santo dia, Antonino
mandava deixar na casa dele. Ma parece que algumas pessoas tinham inveja da
amizade dos dois e depois de um bom tempo passaram a levar e trazer mentiras.
As pessoas que não gostavam de Antonino sabiam que Aderson era um homem
corajoso e que esta era a oportunidade de eliminar Antonino, jogando um contra
o outro. No dizer de Deusdete Fernandes, o delegado tinha medo de Antonino e
evitava que os boatos mentirosos gerassem algum tipo de conflito entre os dois.
Antonino, muito corajoso e ao mesmo tempo muito teimoso, alimentava sem querer,
de certa forma, o leva e traz dos fofoqueiros de plantão. Em Caraúbas, nessa
época, não havia ainda o sistema de água encanada e todo o consumo da população
da cidade era do açude grande. A preocupação começava pelo meio ano e, a partir
do mês de outubro quando o nível de água no açude baixava a preocupação das
pessoas com a qualidade da água aumentava. Caraúbas tinha uma média de 15 ou 20
carroceiros que viviam de botar água nas casas dos que podiam pagar por esses
serviços. O prefeito José Nicodemos havia determinado que a polícia
fiscalizasse o açude para que não deixasse nenhum carroceiro entrasse com as
carroças no açude ou ficar muito à beira. Isso por causa dos animais, os burros
que puxavam as carroças normalmente, quando entravam na água, bebiam e urinavam
ali mesmo. Até que um dia houve o descumprimento da ordem pelo filho mais velho
de Antonino, o Ribamar, que dizia que a ordem servia para uns e outros não.
Antonino jamais concordavaria com a atitude e com o mal feito do filho, mas
ficou muito revoltado por não ter sido avisado pelo delegado (seu amigo) o que
muita gente na cidade já sabia. Isso para ele foi uma traição do Aderson e a
partir daquele momento começaram as divergências entre os dois. As pessoas que
gostavam de ver o circo pegar fogo, os fofoqueiros de plantão, faziam piadas,
comentários e até previsões de como terminaria o enrasco dos dois. Antonino foi
a Natal e pediu ao Monsenhor Walfredo Gurgel para tirar o delegado Aderson de
Caraúbas, mas não foi atendido o seu pedido. Ao comentar para o Governador que
um dos dois morreria. O Monsenhor aconselhou que ele vendesse o revólver e
comprasse um rosário. Antonino saiu mais revoltado dali e respondeu ao
Monsenhor que ia comprar era mais munição para o revólver e já saiu de lá
rompido com o Governador. Antonino voltou para Caraúbas enfurecido e, diante do
não do Governador, só falava no ódio que sentia pela política local, e do
Monsenhor que era primo de sua esposa e primo da esposa do seu irmão Raimundo Benevides.
Falava que não via outra saída a não ser a de partir para o ataque. Não ouviu
mais ninguém, estava do jeito que os adversários queriam. Talvez fosse a praga
de Chica Cancão se repetindo pela segunda vez depois da morte de LUIZ CÂNDIDO
falecido em 19 de outubro de 1962. Eram decorridos 9h30, do dia 17 de outubro
de 1967, quando irmão de Antonino, senhor Raimundo Benevides encontrava se com
o sargento Aderson em frente a farmácia do senhor Hermes, tentando mais um
acordo, quando Antonio Benevides foi chegando e dizendo: “Meu irmão você ainda
esta falando com este cara sacana?”. O delegado disse: “Calma Antonino, eu não
quero brigar com você!. Antonino puxa o revólver e dá três tiros em Aderson
que, mesmo baleado, corre para dentro do mercado público, se apóia em uma
pilastra e saca o revólver. Antonino ao entrar no mercado, sem ver onde o
sargento estava escondido, foi atingido por um único tiro bem abaixo do olho
direito e caiu morto no chão no mesmo instante. Depois disso, o sargento
delegado saiu do mercado e ao ver Raimundo Benevides (irmão de Antonino),
gritou: “Seu Raimundo me socorra! Me ajude! Raimundo Benevides pegou o sargento
e o colocou num carro (Jeep) e pede que o levem para a Maternidade Elisa
Simões. Depois Raimundo Benevides vai para o mercado a procura do irmão e o
encontra morto. Já não pode fazer nada. Raimundo Carneiro, primo e cunhado de
Antonino, vim há chegando de sua fazenda tirou direto para a maternidade e de
arma na mão, entrou pelos corredores da maternidade procurando onde estava o
sargento. As pessoas correndo, só o médico e a diretora, Dona Nanete, ficaram
e falaram para ele que o sargento já havia sido transferido para Mossoró.
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